A partir da excelente pergunta de nosso amigo Luiz e sua “provocação” para discutirmos o posicionamento de nosso produto, ovino, diante da demanda eminente de alimentos para os próximos 40 anos. Mas antes acho que cabe outra pergunta: “Quanto vale um cordeiro hoje?”. Temos uma demanda enorme por carne de cordeiro, seja Dorper ou de qualquer outra raça e nós não conseguimos supri-la e muito pouco ampliar a nossa produção. O Zebu que você muito bem usou como trampolim para essas perguntas, se posicionou anos atrás como raça mãe do rebanho bovino nacional e hoje a associação é uma potencia e as raças Zebuínas responsáveis por mais de 80% das matrizes de campo no país.
Comparando o potencial produtivo, por área, dos bovinos com os ovinos e utilizando o gancho da escassez de alimentos, aumento da população e diminuição (ou estagnação) das áreas de agricultura e principalmente da pecuária, temos diante de nossos olhos uma oportunidade ímpar para os ovinos. Nossa cadeia é curta de nove a doze meses temos um ciclo completo de produção (estação de monta, gestação e abate). Já os bovinos, em condições normais são 4 anos de ciclo.
Costumo brincar nos comparativos que faço: Se inseminamos uma vaca e uma ovelha no mesmo dia, e ambas emprenharem, no dia que o bezerro nascer, poderemos comer o cordeiro para comemorar. Agora falando sério, com um ciclo médio de 10 meses (ovinos) X 48 meses (bovinos), teremos ao final de um ciclo do boi gordo 4,8 ciclos de cordeiros. Um boi gordo precisará de 1 ha a sua disposição para ser abatido com 16@, enquanto na mesma área podemos terminar 12 cordeiros ou mais por ciclo.
Ou seja, ao final dos 4,8 ciclos são 57,6 cordeiros de aproximadamente 20 Kg de carcaça limpa, que são 1152 Kg de carne na mesma área e no mesmo período que produzimos 240 Kg de carne bovina. Com os preços médios de São Paulo hoje: Um boi gordo de 16@ vale R$ 1536,00 (R$96,00/@ Araçatuba-SP em 22/01), já o cordeiro vale em média a R$ 10,00/Kg ( FZEA/ESALQ , 22/01) o que renderia R$ 11520,00 no mesmo período e na mesma área. Fiz umas contas rápidas que podem sofrer variações de acordo com a região ou com o sistema de produção, mas com certeza não fugirão muito disso. Isso também sem considerar na ovinocultura o uso de tecnologias que podem nos tornar muito mais eficiente, nos ciclos de produção, na reprodução, taxa de lotação, terminação, etc. Ou seja, esses números ainda têm muito para melhorar.
Melhor momento e melhores perspectivas que essas para irmos para o campo produzir carne de cordeiro, não há. Temos 200 milhões de habitantes que consomem 140 mil ton. de cordeiro por ano, disso 60% é de origem importada, não produzimos e não ganhamos por isso e tem alguém ganhando em nosso lugar.
É hora de partir para o campo produzir e mostrar quanto vale o nosso cordeiro!
Fonte:http://www.altagenetics.com.br/novo/noticias/Ler.aspx?nID=1078