Inseminação artificial por via transcervical em ovinos
Várias técnicas de manejo, em especial na reprodução, foram desenvolvidas na intenção de elevar os índices reprodutivos e produtivos dos rebanhos. A adoção delas, porém, depende do nível zootécnico do rebanho, da praticidade e dos custos.
Um dos objetivos mais cobiçados pelos produtores e técnicos tem sido a de potencializar o uso de reprodutores na propriedade. Com a monta controlada, foi possível elevar a relação macho-fêmea, mas, somente com a inseminação artificial é que se conseguiu extrapolar o objetivo. Assim, mediante o uso de sêmen congelado pode-se elevar a relação macho-fêmea de 1 para 25, para infinitas fêmeas, além de permitir imortalizar o material genético do reprodutor por gerações, vencer barreiras geográficas, e dar margens a exploração comercial desse material. No entanto, na ovinocultura, a inseminação artificial (IA) não tem atraído grandes adeptos.
Uma das razões do limitado uso da IA em ovinos deve-se aos baixos resultados obtidos após inseminação pela via transcervical. Para se elevar os índices de fertilidade foi viabilizada uma técnica a qual permite a deposição do sêmen congelado diretamente no útero, através da via laparoscópica. Esta técnica, contudo, exige equipamentos caros e mão-de-obra especializada, sendo economicamente inviável para a maioria dos rebanhos comerciais de ovinos.
Trabalhos com inseminação artificial por via transcervical apresentam os mais variados índices de fertilidade, os quais sofrem influência de diversos fatores, entre eles, o local de deposição do sêmen, a dose inseminante, o momento da inseminação, o número de inseminações por estro, o processamento do sêmen, e as características peculiares às fêmeas. Destas últimas, destacam-se as características anatômicas da cérvice na espécie, a qual se apresenta como anéis excêntricos e com reduzido diâmetro de orifício, dificultando a identificação destes e a passagem de instrumentos.
Para vencer essa barreira cervical na ovelha, vários métodos já foram testados, como o uso de agulhas modificadas, a insuflação da cérvice com CO2, o uso de fármacos como estrógeno, ocitocina, relaxina, prostaglandina, as associações destes, e técnicas cirúrgicas para remover os anéis cervicais, não apresentando nenhum dos referidos métodos índices de fertilidade compatíveis, os quais permitissem sua adoção em massa.
Pensando nessa limitação da IA em ovinos e visando obter maiores índices de deposição de sêmen no espaço intra-uterino, a equipe de reprodução da Embrapa Caprinos buscou avaliar um protocolo de inseminação, o qual consiste em fixar a cérvice, tracionar a mesma até a abertura vulvar e manipular a pipeta de IA através dos anéis cervicais. Adotou-se pipeta miniaturizada e testou-se dois métodos de contenção das fêmeas, brete e maca, bem como o efeito da administração de cloridrato de bromexina na passagem da pipeta através da cérvice, substância que supostamente facilitaria sua passagem. Entre os métodos, não se observou diferença. Obteve-se um índice considerável de passagem cervical completa nas ovelhas multíparas e primíparas (33,0%) em relação às nulíparas (0,0%), porém, os resultados de fertilidade foram baixos (19,66%), levando a acreditar que o maior empecilho para a I.A. pela via transcervical em ovelhas não seja a cérvice, isoladamente.
Neste contexto, para se elevar a taxa de fertilidade após IA por via transcervical, é necessário a associação dos protocolos de congelação de sêmen ovino a uma concentração ótima por dose inseminante. Após determinado esse parâmetro, acredita-se que será possível tornar a técnica realidade em nível de propriedade e de fato adotada na rotina.
Fonte: Adaptado de Hévila Oliveira Salles, Pesquisadora da Embrapa Caprinos.
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