sexta-feira, 27 de julho de 2012

Manejo Sanitário


Os caprinos são acometidos por várias doenças, entre as quais, a linfadenite caseosa (mal-do-caroço), o ectima contagioso (boqueira), a pododermatite (frieira), além das doenças causadas por ectoparasitas, como piolhos, miíases (bicheiras) e sarnas e, principalmente, aquelas causadas por endoparasitas (verminose).
Verminose

A verminose é uma doença causada por helmintos ou vermes que vivem, principalmente, no abomaso (coalho) e intestinos dos animais, podendo atacar todo o rebanho. Quando acometidos pelos vermes, os caprinos se tornam fracos, magros, com pêlos arrepiados, apresentando diarréia, edema submandibular (papada) e anemia.

A verminose é a doença que mais mata caprinos, sobretudo, os animais mais jovens. Os seus principais prejuízos são:
  • Diminuição dos índices de parição.
  • Diminuição do crescimento dos animais.
  • Diminuição da produção de leite.
  • Aumento do número de mortes no rebanho.
Recomenda-se vermifugar periodicamente todos os caprinos da propriedade, a fim de evitar que animais não medicados venham a contaminar os pastos com os ovos dos vermes presentes nas suas fezes. Pesquisas realizadas sobre o controle da verminose no Estado do Piauí ressaltam a necessidade de se realizar cinco vermifugações por ano, sendo três no período seco e duas no período chuvoso. Na época seca há poucas condições de sobrevivência das larvas dos vermes nas pastagens. A vermifugação, nesse período, reduz a infecção no animal e evita que o mesmo fique com uma carga muito grande de vermes na época das chuvas.
Verificar na embalagem do produto, a quantidade de dias que o produtor deve esperar para utilizar o leite e a carne dos animais vermifugados (carência), se o produto é indicado para o rebanho caprino e qual a quantidade que deve ser aplicada em cada animal. É importante observar, no momento da compra do vermífugo, a validade ao produto.
A dose do vermífugo depende do peso de cada animal. Se o criador estimar o peso do animal de modo empírico (no olho), ele deve ter o cuidado de calcular a dose do produto para um peso superior ao estimado, já que uma dose abaixo das necessidades do animal, além de não controlar os vermes, causa também a resistência destes ao produto.
Os produtos utilizados no controle da verminose dos caprinos são anti-helmínticos com vários princípios ativos (Tabela 17). Recomenda-se mudar o princípio ativo a cada ano, a fim de evitar que os vermes adquiram resistência. O criador poderá optar por produtos que apresentem preços menores ou por produtos que sejam encontrados mais facilmente nos locais de venda.

Tabela 17. Principais anti-helmínticos utilizados no controle da verminose dos caprinos.


A melhor maneira de aplicar vermífugos nos caprinos é por via oral, porque é mais prático e evita o uso de injeções, que podem ajudar a espalhar o "mal-do-caroço" ou outras doenças (Figura 19). Além disso, o vermífugo administrado por via injetável pode provocar intoxicação e matar o animal, se a dose aplicada for maior do que a recomendada.


Figura 19. Forma de aplicação de vermífugo por via oral.

No sistema modelo conduzido na comunidade Boi Manso, a implementação do programa de vermifugação estratégica, com vermifugações nos meses de janeiro, abril, junho, agosto e outubro resultou em redução significativa da carga parasitária nos caprinos, estimada pelo número de ovos por grama de fezes (OPG), obtido antes e após o início das vermifugações (Figura 20).

Figura 20. Representação do ciclo de vida dos principais vermes dos caprinos.

Dentre as medidas que auxiliam no controle da verminose, destacou-se:
  • Limpeza das instalações diariamente (Figura 21)
  • Desinfecção das instalações uma vez por mês, utilizando produtos como: formol comercial a 5%, cal virgem a 40%, Iodophor a 1% e hipoclorito de sódio a 2%.
  • Remoção e manutenção das fezes acumuladas em locais distantes.
  • Vermifugação do rebanho ao trocar de área.
  • Rotação de pastagens.
  • Controle da superlotação nas pastagens.
  • Incorporação ao rebanho de animais adquiridos em outros locais, somente após a sua vermifugação.

Figura 21. Higiene das instalações.

Linfadenite caseosa ou mal-do-caroço

É uma doença contagiosa, causada por uma bactéria que se localiza nos linfonodos ou landras, produzindo abscessos ou caroços. Os caroços podem aparecer em vários locais e sua presença causa desvalorização da pele e também da carne.

É importante evitar que os abscessos se rompam naturalmente. Portanto, quando o caroço estiver mole, ou maduro, o criador deve fazer o seguinte:
  • Cortar os pêlos e desinfectar a pele, no local do caroço, com solução de iodo a 10%.
  • Abrir o abscesso para a retirada do pus.
  • Aplicar a tintura de iodo a 10% dentro do caroço.
  • Aplicar o mata-bicheiras para evitar varejeiras.
  • Queimar o pus retirado e limpar os instrumentos utilizados.
  • Isolar os animais doentes.
Além do corte do caroço, deve-se examinar os animais no momento da compra, tendo o cuidado para não adquirir aqueles que apresentem tal problema. Quando animais do rebanho apresentarem caroço por duas ou três vezes seguidas, devem ser descartados.
Ectima contagioso ou boqueira

É uma doença contagiosa causada por vírus, que ocorre com mais freqüência nos animais jovens podendo, entretanto, atingir também os adultos.

Inicialmente, aparecem pequenos pontos avermelhados nos lábios. Posteriormente, há formação de pústulas que se rompem, secam e se transformam em crostas, semelhantes a verrugas.
Além dos lábios, pode haver formação de pústulas na gengiva, narinas, úbere e em outras partes do corpo. Os lábios ficam engrossados, sensíveis e os cabritos têm dificuldade de se alimentar, vindo a emagrecer rapidamente.
Para evitar que os animais atingidos por essa doença venham a contaminar o rebanho, os seguintes cuidados devem ser tomados:
  • Isolamento dos animais doentes.
  • Retirada das crostas com cuidado.
  • Uso de glicerina iodada:
  • Iodo a 10% - 1 parte
  • Glicerina - 1 parte
  • Uso de pomadas cicatrizantes.

Pododermatite ou frieira

É uma doença contagiosa, causada por bactérias. Provoca uma inflamação na parte inferior do casco e entre as unhas. Ocorre com maior freqüência no período chuvoso, quando os animais são mantidos em áreas encharcadas.

O sinal mais evidente da doença é a manqueira. Os animais têm dificuldade para andar, permanecem quase sempre deitados, se alimentam mal e emagrecem, podendo vir a morrer.
Para o tratamento da frieira, são recomendados os seguintes procedimentos:
  • Separação dos animais doentes do restante do rebanho.
  • Realização da limpeza dos cascos afetados.
  • Tratamento das lesões com alguns desinfetantes.
  • Solução de tintura de iodo a 10%.
  • Solução de sulfato de cobre a 15%.
  • Solução de ácido pícrico (cascofen).
Nos casos graves, recomenda-se a aplicação de antibióticos. Entretanto, existem meios para prevenir a ocorrência de frieiras, tais como:
  • Manutenção das criações em lugares secos e limpos.
  • Aparação periódica dos cascos deformados.
  • Construção de pedilúvio na entrada dos chiqueiros, devendo abastecê-lo uma vez por semana, com desinfetantes específicos. O pedilúvio deve ser construído e localizado de modo a forçar os animais a pisarem nesses materiais quando de sua entrada nos chiqueiros. O volume da solução a ser utilizado com qualquer dos produtos deve ser suficiente para cobrir os cascos dos animais.
O pedilúvio consiste em um tanque feito de tijolos e argamassa de cimento, que deve ser construído na entrada do curral, aprisco ou chiqueiro. Tem a finalidade de fazer a desinfecção dos pés dos animais.
Dimensões do pedilúvio:
  • 2,0 m de comprimento.
  • 0,10 m de profundidade.
  • Largura: correspondente à largura da porteira.
  • Proteção lateral com cerca de arame liso ou ripas de madeira de 1,20 a 1,40 m de altura.
Os seguintes desinfetantes podem ser utilizados no pedilúvio:
  • Solução de formol comercial a 10%.
  • Sulfato de cobre a 10%.
  • Cal virgem diluída em água a 40% (alternativo de criação de caprinos).

Pediculose (piolhos)

As criações de caprinos que não possuem as condições higiênicas satisfatórias, geralmente apresentam-se infestadas por piolhos. Existem dois tipos de piolhos: mastigador (Malófago) e sugador (Anoplura).

Os piolhos ocorrem durante todos os meses do ano, porém, com maior intensidade na época seca. A presença dos piolhos em um rebanho pode ser facilmente detectada pelo exame dos pêlos dos animais, preferencialmente, na linha dorso lombar e na garupa. No entanto, os piolhos podem se localizar em outras regiões do animal, causando coceira e irritação da pele, inquietação e emagrecimento, podendo levar os animais à morte.
Os piolhos podem ser controlados mediante pulverização ou banho dos animais com produtos a base de piretróides (produtos de baixa toxicidade). Também pode ser utilizada uma calda a base de Melão-de-São-Caetano. Essa calda deve ser bem forte, podendo ser obtida a partir de um quilo de folhas verdes de Melão-de-São-Caetano para cada 10 litros de água. As folhas devem ser maceradas ou trituradas e misturadas à água. Após esse processo, a mistura deve ser filtrada (coada) com pano e utilizada para banhar os animais.
Quando da aplicação de produto químico para controle dos piolhos, os seguintes cuidados devem ser tomados:
  • Aplicar o produto de preferência pela manhã.
  • Misturar o produto com água, de acordo com a recomendação do fabricante.
  • Repetir o tratamento após dez dias.
Para evitar a ocorrência de piolhos nos caprinos, devem ser realizadas inspeções periódicas do rebanho, para detectar a possível ocorrência do parasita. Além disso, deve-se evitar a entrada de animais com piolhos na propriedade.

Miíases ou bicheiras

As miíases ou bicheiras são causadas por larvas de moscas conhecidas como varejeiras. As bicheiras podem causar problemas sérios, como a destruição do úbere e dos testículos, além de causar otites e outras complicações, desvalorizando a pele do animal. A mais importante causadora de miíases é a mosca Cochliomyia hominivorax, de coloração verde-metálica (mosca varejeira). Os animais com bicheiras ficam sem apetite, inquietos e magros. Se não forem tratados podem morrer.

As bicheiras devem ser tratadas com substância larvicida, limpeza da ferida, retirada das larvas e aplicação de repelentes e cicatrizantes no local afetado, diariamente, até a cicatrização. Entretanto, estas podem também ser evitadas pelo tratamento do umbigo dos animais recém-nascidos com tintura de iodo a 10% e mediante o controle das moscas, através da limpeza nas instalações. Devem-se tratar todas as feridas que forem vistas nos animais, principalmente na época chuvosa.
A tintura de iodo a 10% pode ser obtida através dos seguintes ingredientes:
  • Iodo em pó 10 g
  • Iodeto de Potássio 6 g
  • Álcool 95 ml
  • Água destilada 5 ml
Caso o criador não disponha dos ingredientes necessários à confecção da tintura, pode adquirir o produto já pronto nas farmácias.

Sarna

A sarna é uma parasitose causada por ácaros, que são parasitas muito pequenos, medindo menos de 1 mm.

Os caprinos, geralmente, são acometidos pela sarna auricular, conhecida como caspa do ouvido, e sarna demodécica, conhecida como bexiga, que danifica o couro do animal.
a) Caspa do ouvido
  • Realizar a limpeza do ouvido, retirando as crostas com algodão embebido em uma solução de iodo a 10%.
  • Usar sarnicida no local.
  • Usar repelentes para evitar bicheiras.
b) Bexiga
  • Não comprar animais com bexiga.
  • Controlar a superlotação nos apriscos.
  • Tratar os animais doentes com ivermectin, aplicado por via subcutânea, a uma dose de 0,2 mg por quilograma de peso vivo, em uma única dose.
Os animais doentes devem ser separados e tratados com sarnicida de uso tópico ou geral. Aqueles animais que, porventura, não melhorarem com a aplicação do remédio devem ser descartados do rebanho.


Fonte: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/AgriculturaFamiliar/RegiaoMeioNorteBrasil/Caprinos/manejosanitario.htm 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Inseminação artificial em tempo fixo


Foto: Exposição da Cérvix- http://www.cptcursospresenciais.com.br/fotos/curso-de-ia-transcervical-em-ovinos 


A inseminação artificial (IA) é uma importante ferramenta no manejo reprodutivo dos rebanhos e traz benefícios indiretos e diretos. Os indiretos são os pressupostos necessários à sua implantação: adoção de instrumentos de controle (escrituração zootécnica) e de manejo (sanitário, reprodutivo e nutricional). O ganho direto seria o aumento da produtividade com o uso de reprodutores com mérito genético comprovado (Silva et al., 2007). 

Apesar dessas vantagens, a técnica de IA ainda não é maciçamente empregada na ovinocaprinocultura. Os principais limitantes estão associados as técnicas invasivas (ex. IA por via laparoscópica e transcervical por tração, especialmente em ovinos). Os procedimentos necessitam de equipamentos e qualificações específicos dos técnicos médicos veterinários, o que o torna oneroso e indispensável a presença do profissional.

A técnica de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) contribui neste contexto, por apresentar vantagens, como: (1) programar os trabalhos de inseminação e de manejos, reprodutivo e produtivo para períodos específicos, de forma a otimizar a mão de obra; (2) inseminação de um grande número de fêmeas em um curto espaço de tempo; (3) incremento da eficiência da técnica de inseminação artificial (i.e. maior número de proles de (IA), acelerando o progresso genético); e (4) padronização dos lotes e planejamento das épocas de nascimento e desmame. A programação da IATF é realizada por meio de tratamentos hormonais, de forma a induzir a sincronização do estro e a ovulação dos animais, dispensando-se a observação de estro. Desta maneira, a IATF é uma tecnologia útil para resolver algumas das dificuldades inerentes à inseminação artificial convencional, como a eliminação as falhas de observação de estro e programação dos serviços de IA.

A eficiência dos programas de IATF está basicamente relacionada a condição corporal da fêmea, qualidade seminal e sincronização entre ovulações e a IATF. Os protocolos hormonais de sincronização do estro e/ou ovulação são indispensáveis para garantir menor variação de tempo entre as ovulações das fêmeas. Os protocolos de sincronização do estro permitem o emprego da IATF, mas sua eficiência pode ser incrementado com a adição de hormônios indutores de ovulação, como o GnRH e o LH.

Neste contexto, apresentaremos nesse artigo a compilação de resultados preliminares publicados por nosso grupo sobre o efeito da administração de GnRH no protocolo de sincronização sobre as respostas ovarianas em ovelhas da raça Santa Inês (Oliveira et al., Domestic Animal Reproduction, v.43, p.74, 2008).

O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da adição de GnRH ao protocolo de sincronização do estro na resposta ovariana em ovelhas Santa Inês. Nos dois grupos (G-Controle, n=32; G-GnRH, n=32), as ovelhas receberam esponjas intra-vaginais com 60 mg MAP, permanecendo por 9 dias. Foram administrados 300UI de eCG e 37.5 µg d-cloprostenol, IM, 48 horas antes da retirada da esponja. As ovelhas do G-GnRH receberam ainda, 25μg do análogo do GnRH (GestranT - Lecirelina, Tecnopec, Brazil) IM, 16 horas após a remoção da esponja. 

Por laparoscopia, as estruturas presente na superfície dos ovários às 42 horas após a remoção da esponja foram classificadas como folículos grandes (FG: 4-6 mm de diâmetro), folículos pré-ovulatórios (FPO: > 6 mm) ou ovulados (OV). A analise estatística dos dados foi conduzida pelo SAS, sendo as proporções comparadas pelo teste de Qui-quadrado (P<0.05). No G-Controle, 40,6% das ovelhas tinham FG, 21,9% tinham FPO e 31,2% tinham OV. Diferentemente, no G-GnRH, 6,45% das ovelhas tinham FG, 16,13% tinham FPO e 77,42% tinham OV. 

Assim, as proporções foram diferentes entre os grupos (P<0,05) para FG e OV. O GnRH promoveu maior sincronia das ovulações comparado com o controle (G-Controle), culminando em ovulações mais cedo (P>0,05). A melhor fertilidade em programas de sincronização tem sido previamente determinada pela relação entre tempo da ovulação e inseminação (Lopéz Sebastián, 1992). Assim, os resultados do presente estudo são importantes para determinar o momento mais apropriado para a inseminação em protocolos de IATF. 





Fonte: http://www.farmpoint.com.br/radares-tecnicos/reproducao/inseminacao-artificial-em-tempo-fixo-77404n.aspx
Por Maria Emilia Franco Oliveira : www.mariaemilia.vet.br


segunda-feira, 16 de julho de 2012





Venda Permanente de Reprodutores:

Santa Ines,
Dorper,
White Dorper,
Boer,
Saanen.

Contato:
(27) 9999-3454
reprotechgenetica@gmail.com

sexta-feira, 13 de julho de 2012





RESUMO 
A toxemia da prenhez é uma enfermidade metabólica que tem como causa a adoção de um manejo 
nutricional inadequado para ovelhas gestantes. Observou-se que cabras e ovelhas com fetos 
múltiplos tinham mais propensão para desenvolver o quadro clínico, devido a maior necessidade 
energética e nutricional das mesmas. O estado corporal dos animais acometidos não segue um 
padrão específico, visto que fêmeas subnutridas, obesas e de boa condição corpórea apresentaram a 
toxemia da gestação. O tratamento depende diretamente do diagnóstico precoce, uma vez que os 
animais gravemente acometidos não respondem à terapia. Medidas preventivas representam, sem 
dúvida, a melhor maneira de evitar este problema. Dentre elas, a manutenção de um nível nutricional 
adequado durante todo período gestacional. 
Tema Central: Medicina Veterinária 
Palavra- chave: toxemia, gestação, prenhez.