domingo, 30 de dezembro de 2012

Estação de Monta: algumas considerações de importância


Definida a conveniência de estabelecer uma estação de monta em determinada empresa pastoril, alguns pontos de importância devem ser considerados.
1.Implantar um sistema de pontuação da condição corporal das matrizes
A estação de monta não aumenta a taxa de fertilidade permitida pelas condições preexistentes, definidas pela disponibilidade e qualidade dos pastos. É amplamente reconhecido que a nutrição é o fator mais importante para a fertilidade da vaca. Centenas de pesquisas já demonstraram que isto é traduzido pela condição corporal que a vaca exibe ao parto. A matriz necessita parir com 3,5 pontos de condição corporal, em uma escala de 1 a 5. Este é o fundamento maior da fertilidade. Chega-se a considerar que a boa condição corporal ao parto é mais importante que o regime nutricional pós-parto. Isto é válido dentro de certos limites, ou seja, parida com 3,5 esta matriz necessita de disponibilidade forrageira suficiente para que ela atinja o final da estação de monta com mínima perda desta condição e que chegue na desmama com um mínimo de 3,0 pontos de condição corporal. É este o grande desafio, já que no primeiro mês de parida a vaca praticamente dobra o seu consumo de matéria seca de forragem (de 6kg/dia passa para 12kg) e depois o mantém alto até a desmama. Ao final da lactação ela deverá ter consumido, nestes 7 meses, 70% do total de matéria seca que ela é capaz de ingerir em um ano. Assim sendo, as estações de parição e de monta devem coincidir com o máximo crescimento natural dos pastos. Caso estejam em assincronia com esta máxima produção, haverá necessidade de suplementar as vacas para evitar os baixos índices de fertilidade.
Ao se garantir estes quesitos consegue-se o reinício dos cios férteis pós-parto o mais cedo possível, o que permite manter a indispensável concentração dos nascimentos logo no início da estação de parição. Em estações de 90 dias de duração, 50% dos nascimentos devem ocorrer nos primeiros 21 dias, atingindo-se pelo menos 70% até o final de 40 dias de parição. Esta concentração de nascimentos nos primeiros 40 dias indica que a estação de monta está adequada, pois garante que a maioria das matrizes apresentem mais do que 70 dias de paridas quando os touros começam a trabalhar (Figura 01). Esta concentração é fundamental para que a estação de monta mantenha-se estável dentro dos meses escolhidos.

As vacas que parem em boa condição corporal e no início da estação de nascimento não necessitam de nenhum manejo especial. Entretanto, aquelas que o fazem mais tardiamente dentro da estação não terão tempo de exibir cio fértil antes da retirada dos touros e certamente serão as futuras vacas falhas. Nestas últimas, algum manejo adicional pode ser aplicado (desmama temporária, restrição das amamentações para uma vez ao dia, entre outros), com o objetivo de antecipar o primeiro cio fértil, de forma que ele apareça antes de 70 dias do parto. Além do mais, estas fêmeas retardatárias necessitam ter um intervalo entrepartos menor do que 365 dias, visando antecipar a próxima parição, obtendo-se, sucessivamente, a cada ano, posições mais confortáveis quanto à data de parição. Isto é particularmente importante nas vacas zebuínas, pois estas apresentam longos períodos de gestação, geralmente acima de 290 dias, com o que deve-se manter as matrizes bem manejadas para que exibam um curto período de serviço para compensar esta desvantagem. Embora o período de gestação tenha certa variação em torno da média, esta variação parece ser mais ampla nos zebuínos, onde certas vacas chegam a ter períodos inferiores a 270 dias, enquanto que em outras este período pode aproximar-se de 300 dias.
Um bom observador perceberá se houve esta necessária concentração de nascimentos em determinado rebanho. Basta examinar o tamanho dos bezerros no início da estação de monta. Eles terão o tamanho correspondente a cerca de dois meses de idade.
A aquisição de 3,5 pontos de condição corporal ao parto impõe o início de um manejo nutricional com três meses de antecedência, ou seja, logo após a desmama do último lote de bezerros. Nesta hora realiza-se a pontuação da condição corporal das vacas. Recomendamos que o método adotado seja por palpação corporal e não por visualização. É que o objetivo é estimar as reservas adiposas, o que fica fácil de perceber pela palpação de certas regiões, como o costado, lombo e inserção da cauda. As vacas de corte apresentam certa variação no índice de musculosidade, o que poderá levar a uma sobrepontuação nas vacas mais musculosas, caso o método adotado seja o visual. O método visual é, ao nosso entender, mais apropriado às vacas leiteiras, pois elas geralmente são bastante uniformes dentro do tipo de produção de leite, onde todas exibem baixa musculosidade.
Na medida em que a pontuação vai sendo obtida, as fêmeas são apartadas em lotes de manejo nutricional diferenciado: lote que não necessita ganhar peso, lote que necessita ganhar 0,5 ponto, 1,0 ponto e assim por diante e conforme as disponibilidades da empresa. A obtenção da condição corporal é muito fácil e mais rápida do que a palpação para diagnóstico de gestação.
Finalizada a estação de monta, pode-se reavaliar a condição corporal por ocasião do diagnóstico de gestação, visando identificar a origem de eventuais problemas reprodutivos. Assim, se no diagnóstico de gestação as vacas com condição corporal 3,0 apresentarem prenhez acima de 90% em um determinado rebanho, então é provável não haver problemas com enfermidades da esfera reprodutiva, entre outros, indicando que ao se aumentar a condição corporal das vacas magras, haverá aumento da taxa de prenhez do referido rebanho. Exemplificando, seria o caso de um rebanho que terminou a estação de monta com 2,7 pontos de condição corporal, portanto abaixo da considerada adequada e que apresentou 75% de prenhez; entretanto, as vacas com condição corporal 3,0 atingiram 93%, o que indica que melhorando o manejo nutricional das vacas de menor condição corporal (1 1/2, 2 e 2 1/2), haverá aumento do índice de prenhez. Em outro rebanho, também com baixa taxa de prenhez, o problema poderá ser de enfermidades da reprodução quando todas as vacas, incluindo as com condição corporal 3,0 ou superior, exibirem baixas taxas de prenhez.
2. Ajustar a estação de monta ao genótipo dos reprodutores
É o efeito da temperatura ambiental, particularmente importante nas raças taurinas não adaptadas ao trópico. Em certos meses do ano, como janeiro e fevereiro, as altas temperaturas podem causar mortalidade embrionária precoce, quando a matriz não adaptada aumenta a temperatura corporal em resposta ao estresse pelo calor. Isto provoca aumento da temperatura no oviduto, além de poder alterar o padrão endocrinológico. O efeito do estresse calórico é mais intenso nos dois primeiros dias de desenvolvimento embrionário. A partir do 3o dia de gestação, o embrião aumenta sua tolerância ao calor, provavelmente porque já adquiriu habilidade para sintetizar certas proteínas protetoras contra o calor. Esta síntese ocorrerá após a ativação do genoma embrionário, quando ele encontra-se no estágio de 8 a 16 células. Assim, uma vaca que sofreu estresse pelo calor no primeiro dia de gestação terá maior probabilidade de produzir um embrião inviável. Quando o choque térmico ocorre a partir do dia 3 de gestação, seu efeito é menos maléfico, pois o embrião já adquiriu a capacidade para proteger-se.
Os touros não adaptados ao trópico também sofrem queda de desempenho, especialmente pela redução da motilidade, da taxa de síntese e aumento das anormalidades dos espermatozóides. Em raças ou indivíduos menos adaptados, tais ocorrências já são possíveis em temperaturas ambientais entre 31-35oC. Dependendo do grau de aumento da temperatura retal, o plexo pampiniforme poderá falhar em sua função de manter os testículos na temperatura adequada. O restabelecimento da regularidade espermática apenas ocorrerá depois de cerca de 8 semanas após o retorno à normalidade térmica. Este período de 8 semanas corresponde a uma onda espermática completa. É lícito, ainda, suspeitar-se da ocorrência de uma menor capacidade de serviço nestes touros com temperatura retal mais alta.
Os zebuínos, ecótipos da faixa intertropical, não devem sofrer tais danos, o que permite maior elasticidade no planejamento da estação de monta, devendo-se apenas evitar o inverno, já que esta subespécie apresenta maior fertilidade nas estações do ano de dias longos.
Agora, com os taurinos não adaptados ao calor, o efeito da temperatura ambiental acaba impedindo o ajustamento da estação de monta aos meses de maior produtividade natural dos pastos e portanto, mais quentes e úmidos. As estações primaveris e outonais seriam, neste caso, mais adequadas, o que requer especial atenção à condição corporal ao parto, especialmente das vacas que irão parir no inverno.
Ainda seriam interessantes algumas considerações sobre tais efeitos do estresse pelo calor, cujas conseqüências têm como ponto de partida a elevação da temperatura retal. Acreditamos que na produção de bovinos de corte, alguns manejos possam ser prejudiciais à fertilidade, mesmo no caso de zebuínos, sabidamente resistentes ao estresse térmico. Nossas suspeitas referem-se às situações em que há intensa movimentação das matrizes em estação de monta, onde a elevação da temperatura retal poderá ocorrer através do calor gerado internamente pelo trabalho muscular, especialmente sob o sol intenso dos dias muito quentes. Longos períodos de permanência destes lotes no curral, nestes dias de elevadas temperaturas, também deve prejudicar a fertilidade. O curral impõe menor poder de dissipação do calor corporal devido a uma maior proximidade entre os animais e pela menor ventilação, devido ao tipo de material de construção das cercas, geralmente de tábuas. Um bom sistema de mangas permite evitar esta situação. Toda a movimentação dos lotes em estação de monta deve ser “a passo lento”, o que pode ser garantido por um ponteiro bem instruído sobre o problema.
3. Preparar os pastos que irão receber os bezerros desmamados
Qualquer que seja a estação de monta adotada, os pastos que irão receber os bezerros desmamados devem apresentar-se os mais tenros possíveis. No rebanho da Fazenda São Manuel – Unesp – Botucatu, o desmame é no inverno (estação de monta de fevereiro a abril) e os pastos oferecidos são preparados a partir do início de maio, quando estes piquetes recebem alta lotação por alguns dias, o suficiente para rebaixar toda a massa forrageira; a seguir são vedados ao pastejo. São pastos reservados de outono. A brotação outonal fornece forragem de boa qualidade no inverno, desde que a espécie forrageira apresente razoável crescimento sob condições de menores intensidades de luz, calor e umidade, como é o caso das braquiárias. Os pastos reservados de outono apresentam-se com maiores taxas de proteína e de digestibilidade.
4. Fazer exame andrológico antes de cada estação de monta
As empresas rurais que não examinam anualmente seus touros costumam ter elevadas proporções de inaptos à reprodução. Geralmente estes touros atingem 20% do lote e em alguns casos 50%. Em outras empresas que já adotaram o exame andrológico como rotina, estas porcentagens geralmente estão abaixo de 10%.
5. Efetuar a aquisição dos touros com antecedência
É o problema do estresse da viagem e adaptação ao novo ambiente. O estresse é caracterizado pela elevação do cortisol e níveis elevados deste hormônio afetam negativamente a secreção de LH, bem como a produção de esteróides gonadais, no caso a testosterona. Touros submetidos a longas viagens podem não produzir ejaculados aptos por várias semanas. Assim, é fundamental que os touros já estejam adaptados ao novo ambiente antes do início da estação de monta.
6. Formar os lotes de touros levando-se em conta a ordem social entre eles
Um grupo de touros múltiplos seria mais eficiente quando formado por indivíduos novos, com até 4-5 anos de idade e que permaneceram juntos por algum tempo, de forma que a hierarquia social entre eles já esteja estabelecida quando a estação de monta começar. Caso esta hierarquia seja estabelecida durante a estação de monta, poderá haver queda na taxa de prenhez nos primeiros 21 dias da estação, pois nos primeiros dias os touros estarão mais envolvidos em disputas do que servindo vacas em cio. Há, ainda, o problema do estresse que instala-se entre os touros, embora de intensidade menor ao que se verifica durante o transporte.
O planejamento e execução de uma relação touro/vaca adequada, sem excesso de touros, reduz muito os problemas negativos da interação social. Isto porque o aumento da pressão de vacas em cio sobre os touros costuma reduzir os efeitos da dominância. Deve-se destacar que dominância não é sinônimo de fertilidade e que um touro muito dominante dentro de um lote em monta múltipla pode prejudicar a fertilidade geral. Assim, antes da formação dos lotes é de interesse identificar a capacidade de serviço e a dominância de cada reprodutor. Os muito dominantes não devem compor um lote com outros menos dominantes.
Os lotes com excesso de touros costumam originar os chamados “touros alongados”, que permanecem apartados do grupo. Em zebuínos Nelore pudemos constatar que esta ocorrência é mais comum nos lotes de touros mais velhos, em altas proporções touro/vaca (1/16) e que o problema fica reduzido após reajustamentos na composição destes lotes.
7. Adequar a duração da estação de monta ao comprimento médio do intervalo entrepartos do rebanho
Usualmente, a estação de monta é programada para 3 meses de duração. Neste caso, o período entre o parto e o primeiro cio fértil não deve ultrapassar 75 dias (no caso de gestações de 290 dias), o que daria tempo para que as vacas de parição mais tardia exibissem pelo menos um estro antes da retirada dos touros. Estas vacas não teriam oportunidade de exibir um segundo estro.
Reduções na duração da estação envolvem também reduções no período parto-primeiro cio fértil. Ou seja, o que já não é fácil para os 75 dias do primeiro caso, torna-se um desafio bem maior no segundo. A relação custo-benefício e as possibilidades de desempenho das matrizes devem ser avaliadas.
Caso tais intervalos sejam mais longos (90, 100 dias), seria interessante estudar a conveniência de aumentar a duração da estação de monta para 5 meses.

Por Gilberto Pedroso da Rocha1 e João Ratti Júnior

sábado, 22 de dezembro de 2012

Pré-dipping: importância da prática e cuidados com as soluções.



 
   A adequada higiene do úbere é uma das medidas mais importantes na prevenção de novas infecções intramamárias. Como existe relação direta entre o número de bactérias presentes nos tetos e a taxa de infecções intramamárias, todos os procedimentos para redução da contaminação dos tetos auxiliam no controle da mastite.
   Pré-dipping é a desinfecção do teto antes da ordenha, com o objetivo de reduzir a ao máximo o número de bactérias na pele dos tetos antes da ordenha do animal. Essa desinfecção antes da ordenha é uma importante medida de controle da mastite ambiental, pois elimina da superfície dos tetos muitas bactérias oriundas do ambiente, evitando que penetrem nos quartos mamários durante a ordenha. Além disso, o pré-dipping melhora a estimulação da descida do leite e a velocidade de extração do leite.
 Desinfecção do teto por imersão antes da ordenha (pré-dipping)
   Um dos objetivos essenciais da boa higiene da ordenha é sempre realizar a ordenha em tetos limpos e secos. Como já observado, isso é importante tanto para a prevenção da mastite quanto para a produção de leite de alta qualidade. A desinfecção dos tetos antes da ordenha pode reduzir em até 80% a contagem bacteriana total (CBT), além de reduzir as bactérias psicrotróficas, que são capazes de multiplicar em baixas temperaturas no leite. Essas bactérias reduzem a qualidade do produto final por ação de enzimas e estão presentes mesmo em fazendas com bom sistema de refrigeração, mas que armazenam o leite por t! empo prolongado.
   Os principais produtos utilizados para a desinfecção dos tetos antes da ordenha são o iodo, hipoclorito de sódio e clorexidin. A atividade germicida depende da concentração, da estabilidade química e do tempo de contato dos produtos com os tetos. Alguns cuidados devem ser tomados para conseguirmos manter ou minimizar a perda da eficácia dos produtos utilizados no pré-dipping:
 - Correto armazenamento do produto: os desinfetantes devem ser armazenados em local limpo, fresco, seco e ao abrigo do sol;
 - Não utilizar produtos fora do prazo de validade;
 - A qualidade da água utilizada na diluição dos produtos deve ser avaliada quanto a alcalinidade, dureza e teor de matéria orgânica. A alcalinidade elevada reduz a concentração de iodo disponível; a água dura pode tornar a clorexidina inativa; a presença de matéria orgânica na água reduz a efetividade do iodo, clorexidina e cloro;
 - Correta aplicação do produto: deve ser aplicado imergindo todo o teto. A cobertura parcial do teto não proporciona o efeito máximo do desinfetante. A desinfecção pode ser realizada por imersão ou spray. Tem se observado que a desinfecção do teto com spray requer mais atenção para que se consiga cobrir toda a superfície do teto com o produto;
 
Desinfecção ineficiente do teto
 - Condições inadequadas no período entre ordenhas: a presença de substâncias orgânicas (esterco, lama, barro, cama) aderidas ao teto, prejudica a eficácia do pré-dipping;
 Presença de matéria orgânica no teto dificulta a ação dos desinfetantes
 - A incidência de luz direta sobre produtos iodados diminui seu poder desinfetante;
- A falta de tampa e ou vedação nos recipientes de produtos clorados permite a evaporação do cloro, o que diminui sua concentração e sua ação bactericida;
 
Inadequado armazenamento das soluções de desinfecção compromete a ação dos desinfetantes
 - Utilizar frascos sem retorno para realizar a desinfecção, evitando contaminação da solução que ainda não foi utilizada;
 Um bom exemplo de frasco para pré-dipping: sem retorno e limpo
 - A diluição das soluções desinfetantes deve ser feita para cada ordenha ou no máximo por dia. O desinfetante que sobra ao final de uma ordenha não deve ser retornado ao frasco original;
- Os frascos de desinfecção devem ser esvaziados e limpos sempre após cada ordenha ou caso se contaminem durante o processo de ordenha. Alguns microrganismos, como Pseudomonas e Serratia podem se multiplicar mesmo em soluções desinfetantes e eventualmente causarem mastite;
 
Frascos contaminados devem ser higienizados
 - A presença de lesões nos tetos pode impedir a ação do desinfetante, pois a área lesionada protege as bactérias contra a ação desinfetante. Por isso, devemos prevenir a ocorrência de lesões nos tetos.
   O uso correto do pré-dipping pode reduzir em 50% as novas infecções intramamárias causadas por microrganismos ambientais. O uso ineficiente das soluções desinfetantes pode causar sérios prejuízos para o sistema de produção!

Escrito em 10 de dezembro de 2012 por Patrícia Vieira Maia, veterinária

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Manejo Sanitário


Os caprinos são acometidos por várias doenças, entre as quais, a linfadenite caseosa (mal-do-caroço), o ectima contagioso (boqueira), a pododermatite (frieira), além das doenças causadas por ectoparasitas, como piolhos, miíases (bicheiras) e sarnas e, principalmente, aquelas causadas por endoparasitas (verminose).
Verminose

A verminose é uma doença causada por helmintos ou vermes que vivem, principalmente, no abomaso (coalho) e intestinos dos animais, podendo atacar todo o rebanho. Quando acometidos pelos vermes, os caprinos se tornam fracos, magros, com pêlos arrepiados, apresentando diarréia, edema submandibular (papada) e anemia.

A verminose é a doença que mais mata caprinos, sobretudo, os animais mais jovens. Os seus principais prejuízos são:
  • Diminuição dos índices de parição.
  • Diminuição do crescimento dos animais.
  • Diminuição da produção de leite.
  • Aumento do número de mortes no rebanho.
Recomenda-se vermifugar periodicamente todos os caprinos da propriedade, a fim de evitar que animais não medicados venham a contaminar os pastos com os ovos dos vermes presentes nas suas fezes. Pesquisas realizadas sobre o controle da verminose no Estado do Piauí ressaltam a necessidade de se realizar cinco vermifugações por ano, sendo três no período seco e duas no período chuvoso. Na época seca há poucas condições de sobrevivência das larvas dos vermes nas pastagens. A vermifugação, nesse período, reduz a infecção no animal e evita que o mesmo fique com uma carga muito grande de vermes na época das chuvas.
Verificar na embalagem do produto, a quantidade de dias que o produtor deve esperar para utilizar o leite e a carne dos animais vermifugados (carência), se o produto é indicado para o rebanho caprino e qual a quantidade que deve ser aplicada em cada animal. É importante observar, no momento da compra do vermífugo, a validade ao produto.
A dose do vermífugo depende do peso de cada animal. Se o criador estimar o peso do animal de modo empírico (no olho), ele deve ter o cuidado de calcular a dose do produto para um peso superior ao estimado, já que uma dose abaixo das necessidades do animal, além de não controlar os vermes, causa também a resistência destes ao produto.
Os produtos utilizados no controle da verminose dos caprinos são anti-helmínticos com vários princípios ativos (Tabela 17). Recomenda-se mudar o princípio ativo a cada ano, a fim de evitar que os vermes adquiram resistência. O criador poderá optar por produtos que apresentem preços menores ou por produtos que sejam encontrados mais facilmente nos locais de venda.

Tabela 17. Principais anti-helmínticos utilizados no controle da verminose dos caprinos.


A melhor maneira de aplicar vermífugos nos caprinos é por via oral, porque é mais prático e evita o uso de injeções, que podem ajudar a espalhar o "mal-do-caroço" ou outras doenças (Figura 19). Além disso, o vermífugo administrado por via injetável pode provocar intoxicação e matar o animal, se a dose aplicada for maior do que a recomendada.


Figura 19. Forma de aplicação de vermífugo por via oral.

No sistema modelo conduzido na comunidade Boi Manso, a implementação do programa de vermifugação estratégica, com vermifugações nos meses de janeiro, abril, junho, agosto e outubro resultou em redução significativa da carga parasitária nos caprinos, estimada pelo número de ovos por grama de fezes (OPG), obtido antes e após o início das vermifugações (Figura 20).

Figura 20. Representação do ciclo de vida dos principais vermes dos caprinos.

Dentre as medidas que auxiliam no controle da verminose, destacou-se:
  • Limpeza das instalações diariamente (Figura 21)
  • Desinfecção das instalações uma vez por mês, utilizando produtos como: formol comercial a 5%, cal virgem a 40%, Iodophor a 1% e hipoclorito de sódio a 2%.
  • Remoção e manutenção das fezes acumuladas em locais distantes.
  • Vermifugação do rebanho ao trocar de área.
  • Rotação de pastagens.
  • Controle da superlotação nas pastagens.
  • Incorporação ao rebanho de animais adquiridos em outros locais, somente após a sua vermifugação.

Figura 21. Higiene das instalações.

Linfadenite caseosa ou mal-do-caroço

É uma doença contagiosa, causada por uma bactéria que se localiza nos linfonodos ou landras, produzindo abscessos ou caroços. Os caroços podem aparecer em vários locais e sua presença causa desvalorização da pele e também da carne.

É importante evitar que os abscessos se rompam naturalmente. Portanto, quando o caroço estiver mole, ou maduro, o criador deve fazer o seguinte:
  • Cortar os pêlos e desinfectar a pele, no local do caroço, com solução de iodo a 10%.
  • Abrir o abscesso para a retirada do pus.
  • Aplicar a tintura de iodo a 10% dentro do caroço.
  • Aplicar o mata-bicheiras para evitar varejeiras.
  • Queimar o pus retirado e limpar os instrumentos utilizados.
  • Isolar os animais doentes.
Além do corte do caroço, deve-se examinar os animais no momento da compra, tendo o cuidado para não adquirir aqueles que apresentem tal problema. Quando animais do rebanho apresentarem caroço por duas ou três vezes seguidas, devem ser descartados.
Ectima contagioso ou boqueira

É uma doença contagiosa causada por vírus, que ocorre com mais freqüência nos animais jovens podendo, entretanto, atingir também os adultos.

Inicialmente, aparecem pequenos pontos avermelhados nos lábios. Posteriormente, há formação de pústulas que se rompem, secam e se transformam em crostas, semelhantes a verrugas.
Além dos lábios, pode haver formação de pústulas na gengiva, narinas, úbere e em outras partes do corpo. Os lábios ficam engrossados, sensíveis e os cabritos têm dificuldade de se alimentar, vindo a emagrecer rapidamente.
Para evitar que os animais atingidos por essa doença venham a contaminar o rebanho, os seguintes cuidados devem ser tomados:
  • Isolamento dos animais doentes.
  • Retirada das crostas com cuidado.
  • Uso de glicerina iodada:
  • Iodo a 10% - 1 parte
  • Glicerina - 1 parte
  • Uso de pomadas cicatrizantes.

Pododermatite ou frieira

É uma doença contagiosa, causada por bactérias. Provoca uma inflamação na parte inferior do casco e entre as unhas. Ocorre com maior freqüência no período chuvoso, quando os animais são mantidos em áreas encharcadas.

O sinal mais evidente da doença é a manqueira. Os animais têm dificuldade para andar, permanecem quase sempre deitados, se alimentam mal e emagrecem, podendo vir a morrer.
Para o tratamento da frieira, são recomendados os seguintes procedimentos:
  • Separação dos animais doentes do restante do rebanho.
  • Realização da limpeza dos cascos afetados.
  • Tratamento das lesões com alguns desinfetantes.
  • Solução de tintura de iodo a 10%.
  • Solução de sulfato de cobre a 15%.
  • Solução de ácido pícrico (cascofen).
Nos casos graves, recomenda-se a aplicação de antibióticos. Entretanto, existem meios para prevenir a ocorrência de frieiras, tais como:
  • Manutenção das criações em lugares secos e limpos.
  • Aparação periódica dos cascos deformados.
  • Construção de pedilúvio na entrada dos chiqueiros, devendo abastecê-lo uma vez por semana, com desinfetantes específicos. O pedilúvio deve ser construído e localizado de modo a forçar os animais a pisarem nesses materiais quando de sua entrada nos chiqueiros. O volume da solução a ser utilizado com qualquer dos produtos deve ser suficiente para cobrir os cascos dos animais.
O pedilúvio consiste em um tanque feito de tijolos e argamassa de cimento, que deve ser construído na entrada do curral, aprisco ou chiqueiro. Tem a finalidade de fazer a desinfecção dos pés dos animais.
Dimensões do pedilúvio:
  • 2,0 m de comprimento.
  • 0,10 m de profundidade.
  • Largura: correspondente à largura da porteira.
  • Proteção lateral com cerca de arame liso ou ripas de madeira de 1,20 a 1,40 m de altura.
Os seguintes desinfetantes podem ser utilizados no pedilúvio:
  • Solução de formol comercial a 10%.
  • Sulfato de cobre a 10%.
  • Cal virgem diluída em água a 40% (alternativo de criação de caprinos).

Pediculose (piolhos)

As criações de caprinos que não possuem as condições higiênicas satisfatórias, geralmente apresentam-se infestadas por piolhos. Existem dois tipos de piolhos: mastigador (Malófago) e sugador (Anoplura).

Os piolhos ocorrem durante todos os meses do ano, porém, com maior intensidade na época seca. A presença dos piolhos em um rebanho pode ser facilmente detectada pelo exame dos pêlos dos animais, preferencialmente, na linha dorso lombar e na garupa. No entanto, os piolhos podem se localizar em outras regiões do animal, causando coceira e irritação da pele, inquietação e emagrecimento, podendo levar os animais à morte.
Os piolhos podem ser controlados mediante pulverização ou banho dos animais com produtos a base de piretróides (produtos de baixa toxicidade). Também pode ser utilizada uma calda a base de Melão-de-São-Caetano. Essa calda deve ser bem forte, podendo ser obtida a partir de um quilo de folhas verdes de Melão-de-São-Caetano para cada 10 litros de água. As folhas devem ser maceradas ou trituradas e misturadas à água. Após esse processo, a mistura deve ser filtrada (coada) com pano e utilizada para banhar os animais.
Quando da aplicação de produto químico para controle dos piolhos, os seguintes cuidados devem ser tomados:
  • Aplicar o produto de preferência pela manhã.
  • Misturar o produto com água, de acordo com a recomendação do fabricante.
  • Repetir o tratamento após dez dias.
Para evitar a ocorrência de piolhos nos caprinos, devem ser realizadas inspeções periódicas do rebanho, para detectar a possível ocorrência do parasita. Além disso, deve-se evitar a entrada de animais com piolhos na propriedade.

Miíases ou bicheiras

As miíases ou bicheiras são causadas por larvas de moscas conhecidas como varejeiras. As bicheiras podem causar problemas sérios, como a destruição do úbere e dos testículos, além de causar otites e outras complicações, desvalorizando a pele do animal. A mais importante causadora de miíases é a mosca Cochliomyia hominivorax, de coloração verde-metálica (mosca varejeira). Os animais com bicheiras ficam sem apetite, inquietos e magros. Se não forem tratados podem morrer.

As bicheiras devem ser tratadas com substância larvicida, limpeza da ferida, retirada das larvas e aplicação de repelentes e cicatrizantes no local afetado, diariamente, até a cicatrização. Entretanto, estas podem também ser evitadas pelo tratamento do umbigo dos animais recém-nascidos com tintura de iodo a 10% e mediante o controle das moscas, através da limpeza nas instalações. Devem-se tratar todas as feridas que forem vistas nos animais, principalmente na época chuvosa.
A tintura de iodo a 10% pode ser obtida através dos seguintes ingredientes:
  • Iodo em pó 10 g
  • Iodeto de Potássio 6 g
  • Álcool 95 ml
  • Água destilada 5 ml
Caso o criador não disponha dos ingredientes necessários à confecção da tintura, pode adquirir o produto já pronto nas farmácias.

Sarna

A sarna é uma parasitose causada por ácaros, que são parasitas muito pequenos, medindo menos de 1 mm.

Os caprinos, geralmente, são acometidos pela sarna auricular, conhecida como caspa do ouvido, e sarna demodécica, conhecida como bexiga, que danifica o couro do animal.
a) Caspa do ouvido
  • Realizar a limpeza do ouvido, retirando as crostas com algodão embebido em uma solução de iodo a 10%.
  • Usar sarnicida no local.
  • Usar repelentes para evitar bicheiras.
b) Bexiga
  • Não comprar animais com bexiga.
  • Controlar a superlotação nos apriscos.
  • Tratar os animais doentes com ivermectin, aplicado por via subcutânea, a uma dose de 0,2 mg por quilograma de peso vivo, em uma única dose.
Os animais doentes devem ser separados e tratados com sarnicida de uso tópico ou geral. Aqueles animais que, porventura, não melhorarem com a aplicação do remédio devem ser descartados do rebanho.


Fonte: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/AgriculturaFamiliar/RegiaoMeioNorteBrasil/Caprinos/manejosanitario.htm 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Inseminação artificial em tempo fixo


Foto: Exposição da Cérvix- http://www.cptcursospresenciais.com.br/fotos/curso-de-ia-transcervical-em-ovinos 


A inseminação artificial (IA) é uma importante ferramenta no manejo reprodutivo dos rebanhos e traz benefícios indiretos e diretos. Os indiretos são os pressupostos necessários à sua implantação: adoção de instrumentos de controle (escrituração zootécnica) e de manejo (sanitário, reprodutivo e nutricional). O ganho direto seria o aumento da produtividade com o uso de reprodutores com mérito genético comprovado (Silva et al., 2007). 

Apesar dessas vantagens, a técnica de IA ainda não é maciçamente empregada na ovinocaprinocultura. Os principais limitantes estão associados as técnicas invasivas (ex. IA por via laparoscópica e transcervical por tração, especialmente em ovinos). Os procedimentos necessitam de equipamentos e qualificações específicos dos técnicos médicos veterinários, o que o torna oneroso e indispensável a presença do profissional.

A técnica de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) contribui neste contexto, por apresentar vantagens, como: (1) programar os trabalhos de inseminação e de manejos, reprodutivo e produtivo para períodos específicos, de forma a otimizar a mão de obra; (2) inseminação de um grande número de fêmeas em um curto espaço de tempo; (3) incremento da eficiência da técnica de inseminação artificial (i.e. maior número de proles de (IA), acelerando o progresso genético); e (4) padronização dos lotes e planejamento das épocas de nascimento e desmame. A programação da IATF é realizada por meio de tratamentos hormonais, de forma a induzir a sincronização do estro e a ovulação dos animais, dispensando-se a observação de estro. Desta maneira, a IATF é uma tecnologia útil para resolver algumas das dificuldades inerentes à inseminação artificial convencional, como a eliminação as falhas de observação de estro e programação dos serviços de IA.

A eficiência dos programas de IATF está basicamente relacionada a condição corporal da fêmea, qualidade seminal e sincronização entre ovulações e a IATF. Os protocolos hormonais de sincronização do estro e/ou ovulação são indispensáveis para garantir menor variação de tempo entre as ovulações das fêmeas. Os protocolos de sincronização do estro permitem o emprego da IATF, mas sua eficiência pode ser incrementado com a adição de hormônios indutores de ovulação, como o GnRH e o LH.

Neste contexto, apresentaremos nesse artigo a compilação de resultados preliminares publicados por nosso grupo sobre o efeito da administração de GnRH no protocolo de sincronização sobre as respostas ovarianas em ovelhas da raça Santa Inês (Oliveira et al., Domestic Animal Reproduction, v.43, p.74, 2008).

O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da adição de GnRH ao protocolo de sincronização do estro na resposta ovariana em ovelhas Santa Inês. Nos dois grupos (G-Controle, n=32; G-GnRH, n=32), as ovelhas receberam esponjas intra-vaginais com 60 mg MAP, permanecendo por 9 dias. Foram administrados 300UI de eCG e 37.5 µg d-cloprostenol, IM, 48 horas antes da retirada da esponja. As ovelhas do G-GnRH receberam ainda, 25μg do análogo do GnRH (GestranT - Lecirelina, Tecnopec, Brazil) IM, 16 horas após a remoção da esponja. 

Por laparoscopia, as estruturas presente na superfície dos ovários às 42 horas após a remoção da esponja foram classificadas como folículos grandes (FG: 4-6 mm de diâmetro), folículos pré-ovulatórios (FPO: > 6 mm) ou ovulados (OV). A analise estatística dos dados foi conduzida pelo SAS, sendo as proporções comparadas pelo teste de Qui-quadrado (P<0.05). No G-Controle, 40,6% das ovelhas tinham FG, 21,9% tinham FPO e 31,2% tinham OV. Diferentemente, no G-GnRH, 6,45% das ovelhas tinham FG, 16,13% tinham FPO e 77,42% tinham OV. 

Assim, as proporções foram diferentes entre os grupos (P<0,05) para FG e OV. O GnRH promoveu maior sincronia das ovulações comparado com o controle (G-Controle), culminando em ovulações mais cedo (P>0,05). A melhor fertilidade em programas de sincronização tem sido previamente determinada pela relação entre tempo da ovulação e inseminação (Lopéz Sebastián, 1992). Assim, os resultados do presente estudo são importantes para determinar o momento mais apropriado para a inseminação em protocolos de IATF. 





Fonte: http://www.farmpoint.com.br/radares-tecnicos/reproducao/inseminacao-artificial-em-tempo-fixo-77404n.aspx
Por Maria Emilia Franco Oliveira : www.mariaemilia.vet.br


segunda-feira, 16 de julho de 2012





Venda Permanente de Reprodutores:

Santa Ines,
Dorper,
White Dorper,
Boer,
Saanen.

Contato:
(27) 9999-3454
reprotechgenetica@gmail.com

sexta-feira, 13 de julho de 2012





RESUMO 
A toxemia da prenhez é uma enfermidade metabólica que tem como causa a adoção de um manejo 
nutricional inadequado para ovelhas gestantes. Observou-se que cabras e ovelhas com fetos 
múltiplos tinham mais propensão para desenvolver o quadro clínico, devido a maior necessidade 
energética e nutricional das mesmas. O estado corporal dos animais acometidos não segue um 
padrão específico, visto que fêmeas subnutridas, obesas e de boa condição corpórea apresentaram a 
toxemia da gestação. O tratamento depende diretamente do diagnóstico precoce, uma vez que os 
animais gravemente acometidos não respondem à terapia. Medidas preventivas representam, sem 
dúvida, a melhor maneira de evitar este problema. Dentre elas, a manutenção de um nível nutricional 
adequado durante todo período gestacional. 
Tema Central: Medicina Veterinária 
Palavra- chave: toxemia, gestação, prenhez. 

sábado, 30 de junho de 2012

O que é Enterotoxemia e quais o sintomas






  1. A enterotoxemia é uma doença de infecção aguda e não contagiosa. Ela é causada pelo Clostridium perfringens, um bastonete gram-negativo, anaeróbio formador de esporos que afeta bovinos, ovinos e cap...rinos, podendo provocar morte súbita e causando prejuízo para o proprietário.

    Sua rápida evolução e sintomatologia característica e grave, além da sua taxa de mortalidade, se tornam preocupação constante em quem lida diretamente com as espécies. Segundo observações feitas por alguns estados americanos, há uma relação direta com o número de mortes de animais confinados com o número de casos de enterotoxemia.

    A bactéria faz parte da flora intestinal do animal e pode também ser encontrada no solo, porém em pequenas quantidades. A doença se desenvolve quando há aumento dessa população, causando prejuízos à saúde do animal pela disseminação das toxinas produzidas por elas por todo o organismo, através da corrente sanguínea. O fator que mais influencia no controle dessa bactéria é a alimentação a qual em animais submetidos a uma dieta com muito concentrado e pobre em fibras pode levar a uma multiplicação descontrolada do bastonete, causando a enterotoxemia, como também superalimentação ou mudanças bruscas na dieta. Acreditam que esse evento ocorre principalmente devido a quantidade de amido não digerido no abomaso, que serve de substrato.

    A rápida proliferação da bactéria provoca mudança na permeabilidade intestinal, fazendo com que suas toxinas sejam absorvidas com maior facilidade e velocidade. Os primeiros sinais de intoxicação apresentados são: acúmulo de líquido nas cavidades serosas e edema severo no cérebro, coração e pulmão, devido à hemorragia provocada pelo severo dano ao endotélio vascular na passagem da toxina intestino-sangue.

    A doença pode se apresentar de três formas: superaguda, a aguda e subaguda. Na superaguda os animais não apresentam sintomatologia prévia, sendo, na maioria das vezes, encontrados já mortos sem nenhuma evidência. Já a forma aguda ataca diretamente o sistema nervoso central do animal, e o mesmo apresenta incoordenação, prostração e sintomas clássicos de enfermidades neurológicas, como vocalização, convulsões generalizadas e manias. Na subaguda o animal perde o interesse em se alimentar e beber água, tal como podem surgir problemas de cegueira, cólicas e diarreia. Em qualquer um dos tipos, o estágio final é caracterizado por glicosúria e hiperglicemia.

    O diagnóstico é feito pelo exame clínico do animal e confirmação através de exames laboratoriais de líquido intestinal e pela carcaça, observando-se uma grande velocidade na decomposição, nesses casos.

    Há relatos de casos em adultos, porém, o animal jovem tem uma maior predisposição a essa enfermidade.

    Quando diagnosticada a tempo, é feita a antitoxina combinada com a administração de antibióticos, como sulfas e penicilina, porém, antes do confinamento, todos os animais devem receber a vacina polivalente, como medida de profilaxia, além de um maior cuidado com a alimentação destes.

    Fonte: Embrapa.