A adequada higiene do úbere é uma das medidas mais importantes na prevenção de novas infecções intramamárias. Como existe relação direta entre o número de bactérias presentes nos tetos e a taxa de infecções intramamárias, todos os procedimentos para redução da contaminação dos tetos auxiliam no controle da mastite.
Pré-dipping é a desinfecção do teto antes da ordenha, com o objetivo de reduzir a ao máximo o número de bactérias na pele dos tetos antes da ordenha do animal. Essa desinfecção antes da ordenha é uma importante medida de controle da mastite ambiental, pois elimina da superfície dos tetos muitas bactérias oriundas do ambiente, evitando que penetrem nos quartos mamários durante a ordenha. Além disso, o pré-dipping melhora a estimulação da descida do leite e a velocidade de extração do leite.
Desinfecção do teto por imersão antes da ordenha (pré-dipping)
Um dos objetivos essenciais da boa higiene da ordenha é sempre realizar a ordenha em tetos limpos e secos. Como já observado, isso é importante tanto para a prevenção da mastite quanto para a produção de leite de alta qualidade. A desinfecção dos tetos antes da ordenha pode reduzir em até 80% a contagem bacteriana total (CBT), além de reduzir as bactérias psicrotróficas, que são capazes de multiplicar em baixas temperaturas no leite. Essas bactérias reduzem a qualidade do produto final por ação de enzimas e estão presentes mesmo em fazendas com bom sistema de refrigeração, mas que armazenam o leite por t! empo prolongado.
Os principais produtos utilizados para a desinfecção dos tetos antes da ordenha são o iodo, hipoclorito de sódio e clorexidin. A atividade germicida depende da concentração, da estabilidade química e do tempo de contato dos produtos com os tetos. Alguns cuidados devem ser tomados para conseguirmos manter ou minimizar a perda da eficácia dos produtos utilizados no pré-dipping:
- Correto armazenamento do produto: os desinfetantes devem ser armazenados em local limpo, fresco, seco e ao abrigo do sol;
- Não utilizar produtos fora do prazo de validade;
- A qualidade da água utilizada na diluição dos produtos deve ser avaliada quanto a alcalinidade, dureza e teor de matéria orgânica. A alcalinidade elevada reduz a concentração de iodo disponível; a água dura pode tornar a clorexidina inativa; a presença de matéria orgânica na água reduz a efetividade do iodo, clorexidina e cloro;
- Correta aplicação do produto: deve ser aplicado imergindo todo o teto. A cobertura parcial do teto não proporciona o efeito máximo do desinfetante. A desinfecção pode ser realizada por imersão ou spray. Tem se observado que a desinfecção do teto com spray requer mais atenção para que se consiga cobrir toda a superfície do teto com o produto;
Desinfecção ineficiente do teto
- Condições inadequadas no período entre ordenhas: a presença de substâncias orgânicas (esterco, lama, barro, cama) aderidas ao teto, prejudica a eficácia do pré-dipping;
Presença de matéria orgânica no teto dificulta a ação dos desinfetantes
- A incidência de luz direta sobre produtos iodados diminui seu poder desinfetante;
- A falta de tampa e ou vedação nos recipientes de produtos clorados permite a evaporação do cloro, o que diminui sua concentração e sua ação bactericida;
Inadequado armazenamento das soluções de desinfecção compromete a ação dos desinfetantes
- Utilizar frascos sem retorno para realizar a desinfecção, evitando contaminação da solução que ainda não foi utilizada;
Um bom exemplo de frasco para pré-dipping: sem retorno e limpo
- A diluição das soluções desinfetantes deve ser feita para cada ordenha ou no máximo por dia. O desinfetante que sobra ao final de uma ordenha não deve ser retornado ao frasco original;
- Os frascos de desinfecção devem ser esvaziados e limpos sempre após cada ordenha ou caso se contaminem durante o processo de ordenha. Alguns microrganismos, como Pseudomonas e Serratia podem se multiplicar mesmo em soluções desinfetantes e eventualmente causarem mastite;
Frascos contaminados devem ser higienizados
- A presença de lesões nos tetos pode impedir a ação do desinfetante, pois a área lesionada protege as bactérias contra a ação desinfetante. Por isso, devemos prevenir a ocorrência de lesões nos tetos.
O uso correto do pré-dipping pode reduzir em 50% as novas infecções intramamárias causadas por microrganismos ambientais. O uso ineficiente das soluções desinfetantes pode causar sérios prejuízos para o sistema de produção!
Escrito em 10 de dezembro de 2012 por Patrícia Vieira Maia, veterinária
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